Com previsão de publicação para outubro deste ano, a Revista Labor, da Universidade Federal do Ceará (UFC) está recebendo artigos para a edição deste segundo semestre de 2021, que é o ‘Dossiê Evasão escolar em tempos de adversidades: saberes, políticas e práticas’, uma iniciativa da Associação Brasileira de Prevenção da Evasão na Educação Básica, Profissional e Superior (ABAPEVE).
“Quando falamos em tempos de adversidade não significa tratar o assunto apenas com referência à pandemia. A política de governo tem produzido a evasão com suas ações excludentes”, disse José Adelmo Menezes de Oliveira, doutor em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS) Campus Aracaju, líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Profissional e Tecnológica (GEPEPT) e presidente da ABAPEVE. Ele é membro da comissão organizadora deste Dossiê pela Revista Labor.
“A taxa de evasão escolar no país sempre foi alta e cresceu assustadoramente com a pandemia”, comentou Adelmo. “O Brasil tem uma evasão de cerca de 20%. De cada 100 pessoas que entram na escola, 20 abandonam os estudos. Isso traz danos gravíssimos, tanto individuais, como coletivos”, destacou.
A evasão atinge todos os níveis educacionais, desde a educação infantil ao ensino superior. Segundo dados da Plataforma Nilo Peçanha 2020, do Ministério da Educação, com ano base 2019, a rede federal de ensino no Brasil teve uma evasão escolar de 15,5%. No Nordeste, a evasão foi de 14,3%. O IFS aparece na plataforma com uma evasão de 13,8%.
Segundo o doutor, a evasão é uma manifestação explícita da desigualdade e da exclusão sociais. “Ela atinge em cheio a população pobre, especialmente crianças e jovens e suas consequências são gravíssimas, especialmente a suscetibilidade destes indivíduos ao subemprego, ao desemprego, à miséria, à marginalidade e à criminalidade”, disse.
E é algo que só pode ser revertido com políticas públicas, que perpassam por diversos eixos que compõem a qualidade de vida e são direitos básicos, como saúde, segurança alimentar, emprego, moradia. E tudo isso significa investimento público que garanta a boa estrutura física das escolas, alimentação escolar, saúde do estudante, tecnologia educacional, que vai desde o material escolar básico (lápis, caneta, livros) a equipamentos diversos.
“E mesmo com uma realidade trágica, o governo federal cortou, em 2020, cerca de 20 bilhões do orçamento da educação e, nos últimos dias vetou uma medida provisória que tratava de financiamento para internet nas escolas públicas. É lamentável”, comentou Adelmo.
“Com o dossiê, nossa ideia é reunir uma produção de estudos, pesquisas e reflexões, para propor alternativas de enfrentamento a este mal social”, destacou.
Como participar
Até o dia 30 de agosto 20 de setembro, professores, professoras, pesquisadores, pesquisadoras e estudantes podem submeter artigos sobre quatro eixos temáticos, que são:
Aspectos epistemológicos, teóricos e metodológicos: discussão sobre teorias e métodos concernentes ao fenômeno da evasão;
Panoramas e contextos: diagnósticos e análise do contexto histórico e/ou atual acerca da evasão;
Política e gestão: estudos que abordem os tipos e as formas de políticas, legislação e gestão;
Práticas e Tecnologias: experiências e práticas de prevenção e combate à evasão; questões de gênero, raciais e de pessoas com necessidades específicas; efeitos das tecnologias de informação e de comunicação em relação à evasão.
A submissão de artigo é gratuita e deve ser feita através do link http://www.periodicos.ufc.br/index.php/Labor. Todas as informações referentes a esta edição estão no link http://www.periodicos.ufc.br/labor/announcement/view/293
Organização
Além do professor Adelmo, fazem parte da Organização: Rosângela Fritsch (UNISINOS), doutora em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) com Pós-doutorado pela Universidade do Porto, diretora Acadêmica da ABAPEVE; Ana Paula Leite Nascimento, doutora e pós-doutora em Educação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), assistente social do IFS Campus Lagarto, membro do Conselho Fiscal da ABAPEVE; Giuliana de Sá Ferreira Barros (IFNMG), doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), membro do Conselho Científico da ABAPEVE; e Cláudia Cunha Torres da Silva (IFBA), doutora em Educação pela Universidad Del Mar - Cl (UDELMAR), diretora Financeira da ABAPEVE.
Sobre a Labor
A Revista Labor, criada em 2008 pelo Laboratório de Estudos do Trabalho e Qualificação Profissional, está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Como a primeira revista exclusivamente eletrônica do PPGE, permite articular pesquisadores de diferentes instituições e programas, veiculando suas produções acadêmicas e democratizando o acesso ao conhecimento. Ela é apoiada pela Pró-Reitoria de Pós-graduação e Pesquisa da UFC, através da criação da coordenadoria de periódicos, e pela Pró-Reitoria de Extensão, por meio da concessão de bolsa para suporte técnico.
